Intercâmbio para mim é superar obstáculos e passar por uma reavaliação. Desde que eu ganhei uma bolsa do programa Global Citizens of Tomorrow do AFS, em parceria com a BP, viver um ano no estado de Michigan com o rotina da minha família hospedeira e frequentar uma escola americana me mostraram que o mundo afora é maior do que eu imaginava.
Superar obstáculos porque não é fácil sair da sua zona de conforto. Mas quem disse que seria? Meus primeiros dias de intercâmbio foram difíceis. Sentia falta do meu paladar brasileiro, de ir à escola e encontrar meus melhores amigos, de chegar em casa e ver minha família. Esse foi o meu primeiro obstáculo a ser quebrado: dar um até logo a minha vida brasileira e viver uma nova cultura. Porém, acordar todo dia em um país diferente é uma experiência instigante – eu aprendo coisas novas todo dia.
Viver com uma família americana permite a experiência do intercâmbio ser mais enriquecedora. Isto é, você cria laços, enfrenta situações que requerem flexibilidade e aprende que cada família é única do seu jeito. Até a sua. Encontrar minha família hospedeira foi um momento em que o nervosismo me tomou conta. Eu sabia o nome deles, suas profissões, o que faziam no tempo livre, mas nunca havia convivido com eles. E vê-los pela primeira vez me deixou feliz: eram pessoas que aceitaram a ideia de me acolher e saber um pouco mais de mim e do meu país, assim como eu aprenderia sobre o deles com eles.
Fazer amigos para mim foi difícil, e sei que muitos intercambistas partilham do mesmo sentimento. Requer um determinado tempo até você perceber quais pessoas realmente possuem consideração por você. Sentia falta dos meus amigos porque percebia o valor que eles tinham e o quanto acrescentavam em quem eu sou. Todo mundo sabe que amizades levam tempo para florescer, mas e se nós só tivermos apenas um ano para fazer a pena? Foi com esse pensamento que eu decidi entrar em diferentes clubes, participar de diferentes atividades escolares e até mesmo atuar em uma peça da escola. Cada oportunidade aqui vale a pena!
Em adição, eu diria que a melhor parte do intercâmbio é justamente aprender outro idioma, pois o domínio em outra língua abre portas para a vida profissional. E se falar outro idioma já soa desafiador, imagine ir para a escola e ter aulas naquele idioma! No início foi complicado, porque mesmo tendo bastante conhecimento em inglês, eu não pensava em inglês! Estava acostumado a formular frases em português, traduzir para inglês e só então falar, ainda inseguro. Hoje em dia, tem vezes que eu até sonho em inglês!
Em um intercâmbio você é testado constantemente – concilia quem você era com quem você está se transformado. Intercâmbio muda. Eu ralo, choro, sorrio, rio, danço, canto, passo por dificuldades, dou pirueta e quero viver tudo de novo. Tenho certeza que essa trajetória significará muito do que serei no futuro. Aos poucos a gente vai compreendendo o efeito que o AFS tem no mundo. Eu estou entendendo da melhor forma: o vivenciando.
